27.9.09

Keep goin'

Ela escuta a música ao fundo.
Olha para a janela e o tempo parece querer continuar bom.
Sente a tranquilidade da balada e a inquietude do tempo que passa tão devagar.
Tenta não pensar em como não queria estar sozinha em segundo algum.
Pensa em como uma única e seleta companhia lhe é suficiente.
Mais do que suficiente.
Simplesmente lhe basta.
E olha que bastar é um verbo forte. Preciso. Certeiro.
Ela ri.
Já teve problemas antes com certezas.
As certezas, às vezes, não são tão certeiras assim.
Podem ser certezas idealizadas. Iludidas. Fabricadas.
Mas aquela certeza não.
Aquela era certamente certeira. Confiante. Verdadeira.
A balada da música ganha ritmo assim como seu coração dispara.
Ela suspira.
Sozinha?
Não.
Ela tem a certeza.
Falta.
Ela sente falta.
A falta do dia.
Da hora.
Do minuto.
Do segundo.
Da companhia.
Do culpado da certeza.


7.9.09

Tempo curto

Viva.
Viva o ar que respira.
Viva a respiração alheia.
Viva o alheio suspiro.
Viva o suspiro tranquilo.
Viva o tranquilo silêncio.
Viva o silêncio das bocas inquietas.
Viva.

Viva o cantar sem voz.
Viva a voz da melodia.
Viva a melodia que move a trilha.
Viva a trilha que guia a vida.
Viva.

Viva a inquietude de um amor descompensado.
Viva o amor de um coração desamparado.
Viva o desamparo do pouco tempo.
Viva o tempo apreciado a cada segundo.
Viva cada segundo de desespero.
Viva o desespero de aproveitar tudo.
Viva o tudo.
Viva a vida.
Viva.


Viva.


Viva.


Viva a vida que não vive sem viver.