11.11.07

Pôr-do-sol
Luz que reflete. Se propaga. Ocupa os espaços vazios do tempo. As rachaduras do coração partido. O vazio presente no pensamento. Apaga as lembranças que querem ser apagadas, esquecidas.
Luz do horizonte. Que aquece o coração petrificado pela dor. Que colhe as palavras largadas pelo vento. Que elimina as que não fazem sentido. Que torna permanente as que foram sinceras, verdadeiras, maduras.
Luz colorida que cura. Retoma os sonhos que parecem não fazer mais sentido. Reacende a chama apagada pela decepção. Reaviva a luz interior, própria.
Luz que reflete, do horizonte, colorida que cura. Desaparece aos poucos. Apaga. Mas volta no dia seguinte. Fortalecendo aquela luz. A luz da força de quem enfrenta. De quem quer. De quem vive. E de quem, apesar de tudo induzi-lo ao contrário, permanece o mesmo. Único. Iluminado por si mesmo.

4.11.07

Nada mais
Olhava para a janela naquele dia chuvoso. Dias como aquele lhe lembravam o passado. Passado? Qual passado? Ah, o passado. E nada mais.
Tinha conversado com uma amiga a respeito. Como o passado lhe traz lembranças. Não só lembranças, mas a certeza de que as incertezas existem.
Era uma pessoa sem arrependimentos. Tudo bem que preferia esquecer certas coisas e certos alguéns. Principalmente, um certo alguém.
Mas isso já estava acontecendo. Afinal, ele tinha feito por isso. E continuava fazendo. Isso só a deixava mais certa de suas decisões e de como seu modo de encarar a vida também tinha mudado. Para melhor, claro. Sempre para melhor. Sempre fora seu lema. E sempre deu certo.
Falou com a amiga também sobre outros acontecimentos do passado que envolviam uma certa alguém. E disse que se surpreendia ainda consigo mesma por querer coisas boas para essa pessoa. Mas novamente a certeza prevalece e mostra como seu coração não tinha rancor e era uma pessoa sincera, de sentimentos puros como as gotas da chuva que caiam no chão lá fora. Afinal, desentendimentos acontecem, mas não duram a vida inteira.
Como seus amigos mais preciosos continuavam a seu lado. Como alguns não quiseram (não por falta de tentativa para que ficassem). Como alguns não perceberam que o que queria era apenas poder dispor a eles o melhor de si. Como alguns perceberam que o melhor dela não era necessário, mas que o mínimo já era o suficiente. Como perceberam que a amizade sincera e verdadeira é uma das coisas que ela mais preza nesse mundo.
Comentou também com a amiga que sentia-se mais forte. Não só a vida lhe ensinara isso, como aprendeu sozinha a enxergar melhor as coisas (mesmo que só agora), e que tinha orgulho de si mesma por ver as coisas como realmente são (mesmo que isso lhe tenha doído um pouco, mas a dor, às vezes, é necessária, mesmo que não merecida.).
Sabe que o mundo dá voltas e que não precisa se preocupar. E isso lhe deixa tranquila.
Observou, novamente, a chuva e lembrou do passado. O passado, claro, lhe traz lembranças. Algumas boas (algumas antes boas tb, hoje nem tanto), algumas não muito. A vida é assim. É isso que lhe faz sempre crescer. Perceber que se erra. Que se acerta, mesmo que o outro erre. Que mesmo acertando, não se pode ter tudo o que quer. Não necessariamente é valorizado. Mas se tem a mente tranquila. De que tudo foi feito. De que a culpa não é sua. De que pode seguir em frente, não importa o empecilho. Sentimental ou não. Obstáculos sempre vão existir. Os fortes preferem enfrentá-los.
E era isso o que era. Era, não. É forte. E, por isso, se orgulha.
Agradeceu a chuva por estar caindo naquele momento. Por lembrá-la do passado que a deixa ficar cada vez mais forte. Por lembrar também que um banho de chuva sempre foi ótimo.
Abriu a porta em direção às gotas que caíam. E pensou em tudo aquilo. Ao mesmo tempo, em nada.
Nada mais.