4.11.07

Nada mais
Olhava para a janela naquele dia chuvoso. Dias como aquele lhe lembravam o passado. Passado? Qual passado? Ah, o passado. E nada mais.
Tinha conversado com uma amiga a respeito. Como o passado lhe traz lembranças. Não só lembranças, mas a certeza de que as incertezas existem.
Era uma pessoa sem arrependimentos. Tudo bem que preferia esquecer certas coisas e certos alguéns. Principalmente, um certo alguém.
Mas isso já estava acontecendo. Afinal, ele tinha feito por isso. E continuava fazendo. Isso só a deixava mais certa de suas decisões e de como seu modo de encarar a vida também tinha mudado. Para melhor, claro. Sempre para melhor. Sempre fora seu lema. E sempre deu certo.
Falou com a amiga também sobre outros acontecimentos do passado que envolviam uma certa alguém. E disse que se surpreendia ainda consigo mesma por querer coisas boas para essa pessoa. Mas novamente a certeza prevalece e mostra como seu coração não tinha rancor e era uma pessoa sincera, de sentimentos puros como as gotas da chuva que caiam no chão lá fora. Afinal, desentendimentos acontecem, mas não duram a vida inteira.
Como seus amigos mais preciosos continuavam a seu lado. Como alguns não quiseram (não por falta de tentativa para que ficassem). Como alguns não perceberam que o que queria era apenas poder dispor a eles o melhor de si. Como alguns perceberam que o melhor dela não era necessário, mas que o mínimo já era o suficiente. Como perceberam que a amizade sincera e verdadeira é uma das coisas que ela mais preza nesse mundo.
Comentou também com a amiga que sentia-se mais forte. Não só a vida lhe ensinara isso, como aprendeu sozinha a enxergar melhor as coisas (mesmo que só agora), e que tinha orgulho de si mesma por ver as coisas como realmente são (mesmo que isso lhe tenha doído um pouco, mas a dor, às vezes, é necessária, mesmo que não merecida.).
Sabe que o mundo dá voltas e que não precisa se preocupar. E isso lhe deixa tranquila.
Observou, novamente, a chuva e lembrou do passado. O passado, claro, lhe traz lembranças. Algumas boas (algumas antes boas tb, hoje nem tanto), algumas não muito. A vida é assim. É isso que lhe faz sempre crescer. Perceber que se erra. Que se acerta, mesmo que o outro erre. Que mesmo acertando, não se pode ter tudo o que quer. Não necessariamente é valorizado. Mas se tem a mente tranquila. De que tudo foi feito. De que a culpa não é sua. De que pode seguir em frente, não importa o empecilho. Sentimental ou não. Obstáculos sempre vão existir. Os fortes preferem enfrentá-los.
E era isso o que era. Era, não. É forte. E, por isso, se orgulha.
Agradeceu a chuva por estar caindo naquele momento. Por lembrá-la do passado que a deixa ficar cada vez mais forte. Por lembrar também que um banho de chuva sempre foi ótimo.
Abriu a porta em direção às gotas que caíam. E pensou em tudo aquilo. Ao mesmo tempo, em nada.
Nada mais.


Um comentário:

Amanda Henriques disse...

Seu blog é arte em papel acetinado.
Foi um prazer conseguir ver meu reflexo na obra de alguém que colocou a alma inteira em cada palavra.

Me senti em casa.

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